"O Eneagrama é só o mapa. A viagem é tua."
- António Lontro
A descoberta e a armadilha
Descobriste o teu tipo de personalidade no Eneagrama. E agora, qual é o próximo passo?
É normal sentires uma mistura de entusiasmo e clareza. Aquela sensação de “isto faz tanto sentido!” pode ser bem reveladora… mas, também pode tornar-se numa armadilha. Muitos ficam por aí, maravilhados com a descrição, mas sem dar o passo que verdadeiramente transforma — o de se libertarem do seu padrão.
Conheceres o teu tipo é só o início
A seguir, começa o verdadeiro trabalho, ou seja, observares-te com mais intenção, desafiares os teus automatismos e desenvolveres novos caminhos internos. Se queres ir além da identificação e dar passos concretos para te conheceres ainda mais, aqui estão os próximos passos essenciais:
1. Começa com auto-observação intencional
Agora que sabes o teu tipo, observa os teus comportamentos, pensamentos e emoções com mais consciência. Mas atenção, não se trata de te julgares, mas de reconheceres o teu padrão com curiosidade e sem crítica, como se fosses um(a) observador(a) atento(a) de ti mesmo(a).
Durante muito tempo, foquei-me em reconhecer os comportamentos padrão do meu tipo que me limitavam. Comecei a identificar os momentos em que estava a agir “em piloto automático” e, assim, podia interromper o ciclo e lembrar-me: “Isto não sou eu, é só o meu piloto automático a tentar conduzir outra vez. Mas posso assumir o controlo.”
Dica prática: usa um diário ou o bloco de notas no telemóvel para registares situações em que sentes que estás a agir “como sempre”. Dá um nome a esse padrão. Questiona-o. Procura alternativas.
Mini-exercício de resiliência: no fim do dia, escreve uma linha: “Hoje reparei no meu padrão X quando…”. Só o ato de o reconhecer e refletir já começa a criar espaço de escolha.
2. Trabalha o teu centro dominante (mente, emoção ou corpo)
O Eneagrama agrupa os 9 tipos em 3 centros de inteligência:
- Instintivo (corpo): Tipos 8, 9, 1
- Emocional (coração): Tipos 2, 3, 4
- Mental (mente): Tipos 5, 6, 7
Cada centro processa a realidade de forma diferente — através da ação (corpo), da emoção (coração) ou do pensamento (mente). Saberes qual domina em ti ajuda-te a perceber como o teu sistema nervoso reage ao mundo.
Portanto, trabalhares o teu centro dominante é como afinar o instrumento que mais usas para te orientares na vida. E só quando o afinas consegues escutar os outros em harmonia.
- Se és do centro emocional, o desafio pode ser distinguir o que sentes do que os outros esperam que sintas.
- Se és do centro mental, talvez precises de sair da cabeça e confiar mais na ação.
- Se és do centro instintivo, o passo pode ser parar antes de reagir — e sentir.
Uma nota importante: todos temos acesso aos três centros; o trabalho é equilibrá-los, não viver apenas no dominante.
Dica prática: escolhe um pequeno gesto diário que envolva o centro menos usado. Ex.: se és muito mental, faz uma caminhada em silêncio prestando atenção ao teu corpo; se és muito emocional, experimenta escrever o que sentes sem partilhar logo; se és muito instintivo, respira fundo antes de agir em situações tensas.
3. Evolui a partir do teu Tipo
Não basta saber “o que sou” — importa também perceber para onde posso evoluir. O Eneagrama mostra-nos tanto os pontos cegos como os caminhos de crescimento.
Aqui tens passos práticos por tipo (são sugestões, não receitas fixas):
Tipo 1: Pratica a autocompaixão; permite-te falhar sem te julgares de imediato.
Tipo 2: Exercita o autocuidado; pergunta-te “O que preciso eu agora?” antes de ajudar.
Tipo 3: Valoriza o “ser” acima do “fazer”; faz algo que ninguém verá e deixa que isso te baste.
Tipo 4: Cria rotinas de estabilidade; hábitos regulares ajudam a equilibrar a intensidade emocional.
Tipo 5: Partilha-te mais, mesmo que desconfortável, traz um pouco do teu mundo para fora.
Tipo 6: Dá pequenos passos apesar da dúvida; confia mais na tua intuição.
Tipo 7: Pratica o foco; escolhe uma experiência e mergulha nela sem escapar.
Tipo 8: Acolhe a vulnerabilidade; pratica a escuta ativa e profunda antes de agir.
Tipo 9: Afirma-te em pequenos gestos; dá uma opinião simples e mantém a presença.
Atenção: estes passos não substituem o teu processo pessoal — são pontos de partida. Cada pessoa pode precisar de ritmos e exercícios diferentes.
E a seguir?
A jornada com o Eneagrama não acaba no autoconhecimento — aprofunda-se com intenção, prática e apoio.
Podes reler os 9 tipos de personalidade para compreender melhor as tuas nuances.
Um convite
Queres transformar o que descobriste sobre o teu tipo numa mudança real?
Explora o meu serviço de Eneagrama, onde vais aprofundar o teu tipo, trabalhar o teu centro dominante e definir o teu mapa de crescimento pessoal.
Na minha abordagem, o Eneagrama não serve para te catalogar, mas para te libertar.
Resumindo, saberes o teu tipo é só o ponto de partida. Agora, começa o teu caminho de te tornares mais do que os teus automatismos. Mais consciente. Mais alinhado(a). Mais tu.
Mantém-te resiliente e segue consciente. Cada passo que dás com intenção reprograma o teu cérebro para a resiliência.
O Eneagrama é só o mapa — mas és tu quem faz a viagem.